“Cuadrado negro sobre fondo blanco”, Kasimir Malevith
No dia 20 de novembro de 2007 a Bailarina de Vermelho aproveitou o feriado surpresa para conhecer melhor a cidade: “depois do riocenacontemporanea, da gravação e lançamento do clip da banda de rockrio Os Outros, depois de ter recusado muitos convites em função de estar relendo Finnegans Wake, decidi conhecer o museu de arte moderna local. Sendo feriado, um híbrido de dia santo e cínico muito comum por aqui, achei que seria uma boa ocasião para visitar esse lugar historicamente privilegiado da vanguarda e do experimentalismo no país. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro viu nascer parte considerável dos movimentos artísticos e lançou muita gente importantes, ouvi dizer”.E a Bailarina está certa, do Grupo Frente (1954), formado a partir da primeira turma de adultos de Ivan Serpa no MAM, ao Neoconcretismo (1959); do Ateliê de Gravura (1959) à Nova Objetividade Brasileira (1967), passando pelas exposições "Opinião 65" e "Opinião 66"; das mostras Resumo JB (1964- 1972) aos Salões de Verão (1969- 1974); dos Domingos da Criação (1971) à Área Experimental (1975- 1976), foram incontáveis os eventos e os artistas que pelo MAM passaram, ou nele tiveram uma referência fundamental para o florescimento de suas obras. Mas nem tudo são flores e papagaios, a Bailarina tão logo chegou ao prédio projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, mostrou-se profundamente irritada com o fato de só haver um único funcionário para atender o que parecia ser uma única fila. “Será possível?” Perguntou a Miguel Paiva, o famoso cartunista da Radical Chique, e pai de Vitor Paiva, que passava por ali. “Será que os outros atendentes estão doentes? Será que alguma epidemia tropical acometeu os freqüentadores do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro ?” Paiva não sabendo o que dizer, presenteou a musa com uma caricatura-automática muito simpática. A Bailarina agradeceu, mas ficou intrigada.
O fato é que a Bailarina estava ansiosa por ver algum Di Cavalcanti, um Portinari, ou algum Lasar Segall e, naturalmente, mais que nada, os grandes representantes do neoconcretismo brasileiro Lygia Clark, Helio Oiticica. Do acervo do museu, porém estava em exposição a série Via Crucis , do escultor Lucio Fontana, onde coincidentemente a Bailarina encontrou Luciano Migliaccio : “Essa cerâmica carregada de violência gestual, com essas figuras quebradiças e mal esboçadas são emanações alucinadas lançando-se do solo vertical como as centelhas de uma fogueira. Revivem as cores de um Gótico popularmente flamejante. È fácil relacionar estas obras de Fontana à arte religiosa-barroca, mas porque não lembrar dos frenéticos teatrinhos de El Greco?” declarou entusiasmado.
A maior parte do museu estava tomada pela exposição “Arte para crianças”. Obras inéditas (no Rio) de destacados artistas da cena contemporânea especialmente para os pimpolhos, como Ernesto Neto, Mariana Manhães, Rubem Grilo, Eduardo Sued, Eder Santos, Tunga, Cildo Meireles, Emmanuel Nassar e ainda Yoko Ono e Lawrence Weiner, papa da arte conceitual americana dos anos 1970. Também integram a exposição obras do grande escultor Amílcar de Castro (1920-2002): 20 conjuntos inéditos de cinco esculturas em madeira canela de pequenas dimensões (1997/99); um conjunto com 140 esculturas em aço corten com altura média de 30cm, e uma escultura, também em aço corten, de 2,40m. Mariana Manhães mostra sua adorável pesquisa que mistura robótica com a coleção de porcelanas de sua mãe, nos trabalhos “Buliçosos” (2007) e “Palindrômicos” (2006). Eder Santos projeta imagens em um aquário e em uma gaiola vazia nos vídeos "Baixa Pressão” (2006) e "Chamada em Espera” (2006), criando uma ilusão entre o real e o virtual. Yoko Ono escolheu para a exposição as obras “Árvores do Desejo”, em que o visitante escreve um pedido e o coloca em uma árvore; “Evento Sala Azul”, instruções para o espectador manuscritas em português, cheias de absurdos poéticos; “Onochord” (2005), vídeo em que pede para que o visitante envie mensagens de “Eu te amo” usando a pequena lanterna Onochord; uma série de nove pinturas onde as palavras são o objeto representado, e a instalação obra "En Trance" (1990/2007), feita por Yoko Ono para a mostra, composta por várias portas de diferentes tamanhos e tipos, que darão ao público acesso à exposição, depois do espaço inicial de Amilcar de Castro.
No dia 20 de novembro de 2007 a Bailarina de Vermelho aproveitou o feriado surpresa para conhecer melhor a cidade: “depois do riocenacontemporanea, da gravação e lançamento do clip da banda de rockrio Os Outros, depois de ter recusado muitos convites em função de estar relendo Finnegans Wake, decidi conhecer o museu de arte moderna local. Sendo feriado, um híbrido de dia santo e cínico muito comum por aqui, achei que seria uma boa ocasião para visitar esse lugar historicamente privilegiado da vanguarda e do experimentalismo no país. O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro viu nascer parte considerável dos movimentos artísticos e lançou muita gente importantes, ouvi dizer”.E a Bailarina está certa, do Grupo Frente (1954), formado a partir da primeira turma de adultos de Ivan Serpa no MAM, ao Neoconcretismo (1959); do Ateliê de Gravura (1959) à Nova Objetividade Brasileira (1967), passando pelas exposições "Opinião 65" e "Opinião 66"; das mostras Resumo JB (1964- 1972) aos Salões de Verão (1969- 1974); dos Domingos da Criação (1971) à Área Experimental (1975- 1976), foram incontáveis os eventos e os artistas que pelo MAM passaram, ou nele tiveram uma referência fundamental para o florescimento de suas obras. Mas nem tudo são flores e papagaios, a Bailarina tão logo chegou ao prédio projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, mostrou-se profundamente irritada com o fato de só haver um único funcionário para atender o que parecia ser uma única fila. “Será possível?” Perguntou a Miguel Paiva, o famoso cartunista da Radical Chique, e pai de Vitor Paiva, que passava por ali. “Será que os outros atendentes estão doentes? Será que alguma epidemia tropical acometeu os freqüentadores do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro ?” Paiva não sabendo o que dizer, presenteou a musa com uma caricatura-automática muito simpática. A Bailarina agradeceu, mas ficou intrigada.
O fato é que a Bailarina estava ansiosa por ver algum Di Cavalcanti, um Portinari, ou algum Lasar Segall e, naturalmente, mais que nada, os grandes representantes do neoconcretismo brasileiro Lygia Clark, Helio Oiticica. Do acervo do museu, porém estava em exposição a série Via Crucis , do escultor Lucio Fontana, onde coincidentemente a Bailarina encontrou Luciano Migliaccio : “Essa cerâmica carregada de violência gestual, com essas figuras quebradiças e mal esboçadas são emanações alucinadas lançando-se do solo vertical como as centelhas de uma fogueira. Revivem as cores de um Gótico popularmente flamejante. È fácil relacionar estas obras de Fontana à arte religiosa-barroca, mas porque não lembrar dos frenéticos teatrinhos de El Greco?” declarou entusiasmado.
A maior parte do museu estava tomada pela exposição “Arte para crianças”. Obras inéditas (no Rio) de destacados artistas da cena contemporânea especialmente para os pimpolhos, como Ernesto Neto, Mariana Manhães, Rubem Grilo, Eduardo Sued, Eder Santos, Tunga, Cildo Meireles, Emmanuel Nassar e ainda Yoko Ono e Lawrence Weiner, papa da arte conceitual americana dos anos 1970. Também integram a exposição obras do grande escultor Amílcar de Castro (1920-2002): 20 conjuntos inéditos de cinco esculturas em madeira canela de pequenas dimensões (1997/99); um conjunto com 140 esculturas em aço corten com altura média de 30cm, e uma escultura, também em aço corten, de 2,40m. Mariana Manhães mostra sua adorável pesquisa que mistura robótica com a coleção de porcelanas de sua mãe, nos trabalhos “Buliçosos” (2007) e “Palindrômicos” (2006). Eder Santos projeta imagens em um aquário e em uma gaiola vazia nos vídeos "Baixa Pressão” (2006) e "Chamada em Espera” (2006), criando uma ilusão entre o real e o virtual. Yoko Ono escolheu para a exposição as obras “Árvores do Desejo”, em que o visitante escreve um pedido e o coloca em uma árvore; “Evento Sala Azul”, instruções para o espectador manuscritas em português, cheias de absurdos poéticos; “Onochord” (2005), vídeo em que pede para que o visitante envie mensagens de “Eu te amo” usando a pequena lanterna Onochord; uma série de nove pinturas onde as palavras são o objeto representado, e a instalação obra "En Trance" (1990/2007), feita por Yoko Ono para a mostra, composta por várias portas de diferentes tamanhos e tipos, que darão ao público acesso à exposição, depois do espaço inicial de Amilcar de Castro.
Enquanto isso em São Paulo a proposta de uma Bienal sem obras de arte para 2008 provoca polêmica. Há quem tenha dito por lá que o grande público não se interessa pela arte contemporânea. Mas o fato é que a Bailarina ali encontrou a atriz Ana Ribeiro com quem teve uma longa conversa sobre teatro, oficinas, improviso e televisão. Com Ana Ribeiro a Bailarina aprendeu que no Brasil existem duas emissoras de televisão que competem com suas novelas pela liderança da audiência no horário nobre, e que para a maior parte dos brasileiros essas soap operas são a única manifestação estética a que têm acesso. A Bailarina aprendeu também que aos sábados a tal Rede Globo exibe depois de suas novelas um humorístico chamado Zorra Total, programa tributário do teatro de revista, e um dos mais assistidos no país.
Num canto singela estava a exposição “Marilyn Monroe - O mito” , com 60 fotos do ícone cinderélico-pop-madalénico feitas pelo fotógrafo americano Bert Stern, último ensaio da atriz, seis semanas antes de sua morte prematura aos 36 anos, em 05 de agosto de 1962.). “Estou cansada de Marilyn”, deixou escapar a Bailarina.
Para encerrar o tour, a exposição “Porta das Mãos, de Michel Groisman e Sung Pyo Hong”. Uma exposição-jogo composta de 120 fotografias em preto e branco. Um misto de interatividade e reflexão. Parece que movido por esses conceitos, o artista Michel Groisman propõe aos visitantes da exposição Porta das Mãos a inusitada experiência de conectar suas duas mãos através de dois dedos e, sem separá-las, descobrir os diversos movimentos que podem fazer. Segundo o autor, Porta das Mãos é uma metáfora para a vida, um convite para as pessoas entrarem em um mundo oculto atrás de uma porta, uma porta que está em suas mãos.
Ao deixar o museu a Bailarina foi surpreendida pela equipe da revista Vogue RG, capitaneada pela repórter Valéria Rossi e pelo fotógrafo Sergio Caddah. Conforme aprendeu com Norma Desmond uma estrela nunca nega fotos aos fãs, assim, apesar de cansada a Bailarina posou para a Vogue.
Chegando em casa (na casa da anfitriã Alessandra Colasanti a bem da verdade) a Bailarina, já descalça de seus saltos de verniz, descobriu que o interessante artista Michel Groisman , bem como a atriz Ana Ribeiro, haviam sido colegas de Miss Colasanti na escola. “Essa Miss Colasanti conhece quase tanta gente quanto eu”, teria exclamado a ex-musa de Dégas entre uma gargalhada e um telefonema interurbano de Veneza, segundo um empregado de confiança do duplex que não quis revelar o nome. Infelizmente a Coleção Gilberto Chateaubriand, internacionalmente conhecida como o mais completo conjunto de arte moderna e contemporânea brasileira não estava em exposição no MAM, mas para alívio da Bailarina na cobertura de Miss Colasanti na Avenida Atlântica não faltam Giacomettis, Tarsilas do Amaral, Anitas Malfatti, Ismaéis Nery, Pancettis, Goeldis e Djaniras. As duas terminaram a tarde no deck branco (uma homenagem a Malevitch) ao som de “Fly me to the moon”, de Bart Howard, na voz do saudoso amigo Sinatra, saboreando madelaines e brindando com o estranho espumante rosé Conde de Foucault, o preferido das acadêmicas devassas.
Obs: ao contrário do Louvre e do Met, o Mam não permite que sejam tiradas fotografias no interior o museu.
http://www.mamrio.com.br/
http://www.olhares.com/caddah
http://redeglobo.globo.com/
http://www.rederecord.com.br/home.asp
“I am big. It's the pictures that got small.”
Norma Desmond
Num canto singela estava a exposição “Marilyn Monroe - O mito” , com 60 fotos do ícone cinderélico-pop-madalénico feitas pelo fotógrafo americano Bert Stern, último ensaio da atriz, seis semanas antes de sua morte prematura aos 36 anos, em 05 de agosto de 1962.). “Estou cansada de Marilyn”, deixou escapar a Bailarina.
Para encerrar o tour, a exposição “Porta das Mãos, de Michel Groisman e Sung Pyo Hong”. Uma exposição-jogo composta de 120 fotografias em preto e branco. Um misto de interatividade e reflexão. Parece que movido por esses conceitos, o artista Michel Groisman propõe aos visitantes da exposição Porta das Mãos a inusitada experiência de conectar suas duas mãos através de dois dedos e, sem separá-las, descobrir os diversos movimentos que podem fazer. Segundo o autor, Porta das Mãos é uma metáfora para a vida, um convite para as pessoas entrarem em um mundo oculto atrás de uma porta, uma porta que está em suas mãos.
Ao deixar o museu a Bailarina foi surpreendida pela equipe da revista Vogue RG, capitaneada pela repórter Valéria Rossi e pelo fotógrafo Sergio Caddah. Conforme aprendeu com Norma Desmond uma estrela nunca nega fotos aos fãs, assim, apesar de cansada a Bailarina posou para a Vogue.
Chegando em casa (na casa da anfitriã Alessandra Colasanti a bem da verdade) a Bailarina, já descalça de seus saltos de verniz, descobriu que o interessante artista Michel Groisman , bem como a atriz Ana Ribeiro, haviam sido colegas de Miss Colasanti na escola. “Essa Miss Colasanti conhece quase tanta gente quanto eu”, teria exclamado a ex-musa de Dégas entre uma gargalhada e um telefonema interurbano de Veneza, segundo um empregado de confiança do duplex que não quis revelar o nome. Infelizmente a Coleção Gilberto Chateaubriand, internacionalmente conhecida como o mais completo conjunto de arte moderna e contemporânea brasileira não estava em exposição no MAM, mas para alívio da Bailarina na cobertura de Miss Colasanti na Avenida Atlântica não faltam Giacomettis, Tarsilas do Amaral, Anitas Malfatti, Ismaéis Nery, Pancettis, Goeldis e Djaniras. As duas terminaram a tarde no deck branco (uma homenagem a Malevitch) ao som de “Fly me to the moon”, de Bart Howard, na voz do saudoso amigo Sinatra, saboreando madelaines e brindando com o estranho espumante rosé Conde de Foucault, o preferido das acadêmicas devassas.
Obs: ao contrário do Louvre e do Met, o Mam não permite que sejam tiradas fotografias no interior o museu.
http://www.mamrio.com.br/
http://www.olhares.com/caddah
http://redeglobo.globo.com/
http://www.rederecord.com.br/home.asp
“I am big. It's the pictures that got small.”
Norma Desmond
Um comentário:
salve alê, valeu pela visita ao boteco. já te linquei lá. beijo
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