segunda-feira, 19 de novembro de 2007

primeiras palavras em bogotá

- Boa noite. Antes de me apresentar, de dizer o meu nome, eu gostaria de pedir desculpas pelo atraso – des-culpa...interessante essa palavra - não era a minha intenção vocês tão sabendo, né, devem ter visto nos jornais, na TV, helicópteros, né, enfim ter ouvido falar, foi muito difícil chegar até aqui. Por quê? Porque tá um tumulto muito grande nas ruas, são muitos índios paparazzi, uma correria, né nesse momento de caos histórico, são muitas pessoas evacuando e copulando e pelas ruas, (depois-não-entendem-por-que-que-eu-falo-mal-do-brasil). Antes de me apresentar, de dizer o meu nome, eu gostaria de agradecer a todos a presença aqui essa noite gostaria de agradecer a organização do evento pelo convite, é uma honra muito grande estar aqui (se-é-que-eu-estou-aqui) não só participando mas abrindo (gestual aleatório de abrindo) a primeira edição, e por que não dizer a edição número zero do Seminário Ausente Internacional, que esse ano acontece dentro da Quadrienal do Plágio aqui em Copacabana, muito obrigada. Como ponto de partida, eu diria que a coisa em si é a não coisa. Quero deixar claro, é importante que se diga, que eu não tenho nenhuma bandeira na manga, também não tenho nenhuma manga na manga, e também não tenho nenhuma manga (at all). Antes de me apresentar eu vou dizer que não, não, eu não vou me apresentar, e no lugar do meu nome eu vou dizer uma frase do Chet Baker que diz: “what a difference a name makes”. Parafraseando Tatiana Leskova, é fundamental fornecer as fontes, em seu livro Uma Bailarina Solta no Mundo eu diria: “Os russos não me consideram russa, os franceses não me consideram francesa e os brasileiros não me consideram brasileira”. Fecha aspas, e eu não me considero eu. De fato, eu não estou aqui. Eu não sou eu. Eu sou o herói, a heroína, sei lá, sem trajetória dessa peça sem trajetória. Bem, como diria Benjamim (adoro), essa é a história dos restos da história, e vocês são a platéia. Eu diria ainda, atenção, não confundir a lógica do sentido oculto com culto do não-sentido. Primeiro parágrafo já foi. Aconselho anotar tudo o que eu falo, tudo o que eu falo cai!
07/09/2007, espaço SESC copa

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