sábado, 1 de novembro de 2008

Dicionário autobiográfico da Bailarina de Vermelho

veja aqui o dicionário que não saiu na Bravo





A
A coisa em si. É a não coisa.
Agora. Passou.
Air guitar. Isto não é um cachimbo.
Anna Pavlova. Era apaixonada por mim.
Anos loucos. Tudo muito nonsense.
Arte dos sinais. O Brasil (ver Brasil) é líder dessa fatia do mercado internacional da arte, exporta know-how pro mundo todo, sucesso, hoje em dia não tem um sinal onde não tenha um artista (ver semiótica).
Ausência. Onipresença axiomática da contemporaneidade.
Autor. “O que é um autor?”, magistral conferência proferida Foucault na Sorbonne no dia 22 de fevereiro de 1969 (ver Foucault).
Aura. It, axé.
Avant-garde. Ava gardner.
B
Baixo astral. Aporia, derrisão, niilismo.
Balanchine. Fundou o New York City Ballet, nós éramos muito vívidos.
Barthes. (ver Collège de France).
Benjamim. Adoro.
Bicicleta. Vendi pro Duchamp (ver Duchamp).
Brasil. Um país maravilhoso onde não tem maremoto, não tem furacão.
C
Calefação.
É o sistema de aquecimento do Louvre, e da Europa de maneira geral.
Caos histórico. Muitas pessoas evacuando e copulando e pelas ruas.
Casual break. Pausa cool.
Coffe-break-brain-storm. Pausa para refeição e fruição intelectual coletiva, pode ser cool, ou não.
Clássico. Um livro que nunca foi lido pode ser considerado um clássico?
Collège de France. Dizem que Barthes foi atropelado quando saía do Collège de France, isso é uma falácia. Barthes está vivo, está em Memphis (ver Elvis).
Crise. É crucial.
Culto. Não confundir a lógica do sentido oculto com culto do não-sentido.
D
Dadá
. Nasceu tudo ali, nasceu tudo no dadá.
Dégas. Respeito, mas era um conservador, seu maior paradigma (ver paradigma) eram as odaliscas de Ingres.
Derrida. Arquiteto contemporâneo famoso pela desconstrução da quarta parede.
Desconstrução. Música mais importante da MPB.
Desculpa. Des-culpa, interessante essa palavra...
Diaghilev. Força da dança russa, um hedonista sensual, me tirou das ruas.
Diluição do sujeito. Sujeito melífluo, melifluidade.
Duchamp. Inventor da roda. Aquele cara amigo do Patinho e do Lagarto.
E
Elencar
. Elencar meu caro Watson.
Elvis. Namorei.
Em si. Um faxineiro gostosinho que trabalhava lá no Louvre.
Enigma vazio. Maior beco sem saída de todos os tempos.
Estatuto. Status, glamour.
Eterno retorno. Saiu pra comprar cigarro e nunca mais voltou.
Eu. Eu não estou aqui, eu não sou eu, eu sou o herói, a heroína, sei lá, sem trajetória desse diário sem trajetória.
F
Falo. Do verbo fa-lar (ver ficcionista).
Ficcionista. Seria interessante pensar, qual o papel do ficcionista hoje em dia? Onde está o ficcionista? Há quem diga que ele não está. Que ele saiu. Que horas ele volta? Quem tá falando? Quer falar com quem? São questões.
Fontes. É sempre importante fornecer as fontes (ver Duchamp), ou, é impossível distinguir as fontes, tudo é intertexto, (ver Barthes).
Foucault. Quando o Foucault veio ao Brasil, na década de 70, convidado pela PUC RJ, lhe foi oferecido um jantar, um jantar prestigioso em sua homenagem, mas, ninguém sabe o que aconteceu, isso se tornou uma lenda, um folclore no meio acadêmico carioca, porque ninguém foi nesse jantar, mas o Foucault foi.
G
Gênero
. Gênio.
Gênio. Gênero.
H
Hamlet. serper oupou nãopão serper, eispeis apá quespes tãopão, ou como diria Murilo Mendes em seu pós-poema ”ser e não ser, eis a questão”.
Heráclito. A vida humana é uma folha xerox ao vento.
Herança cultural. É que nem família a gente não escolhe.
História. Seria interessante pensar, o que é história? Que conceito é esse? Que história é essa? (ver Benjamim). São questões.
I
Insight. O que Stanislavski teve quando foi para Nova York e começou a fazer palestras pra sobreviver.
J
John Cage
. Conheci no set do Woody Allen, compôs para mim a peça para piano intitulada 4'33".
Joseph Beuys. Irmão do Joseph K, fugiam da Alemanha nazista quando o avião de carga em que viajavam sofreu um acidente, isolados nos Andes foram obrigados a praticar mútua antropofagia, só um sobreviveu, não se sabe bem ao certo qual seria.
L
Lacan
. Quem sabe faz a hora e o seu tempo acabou.
M
Mim
. Duvidem de mim.
Modus vivendi. Way of life.
Monalisa. Uma estrela tem uma sala só pra ela.
Museu. Marido da musa.
Museu da morte. Uma espécie de Père-Lachaise conceitual, lá está enterrado todo mundo, o autor, a figura, o sujeito, a história, Deus, a moral, o século XX, e a própria arte.
N
Nome
. Parafraseando Chet Baker: “what a difference a name makes?”.
Nu. O rei está nu.
O
Olho do furacão
. Nem tudo que se vê é e muita coisa que não se vê é.
P
Paradigmas
. É preciso realocar os velhos paradigmas
Paradoxo. É o paroxismo do paradoxo? É a práxis do paradoxo? É a paródia do paradoxo, ou o quê?
Picasso. 1- namorei. 2- Maior exemplo de disparidade entre o significante e o significado. Não condiz o nome com a coisa, enquanto o nome se apresenta como uma hipérbole, a coisa em si é de dimensões liliputianas.
Plágio. Tudo que existe é meu, eu posso usar.
Pós-roberto. Sujeito que vive pregando peça nas pessoas, um piadista, um ironista, João sem braço.
Prestidigitador. Artista.
R
Recepção
. Você.
S
Semiótica
. do grego semeiotiké ou "a arte dos sinais" (ver arte dos sinais).
Sinal. Os sinais, os signos, os significantes enfim, ninguém mais sabe onde começa uma coisa e onde termina outra, ou vice versa (ver vice versa).
Stricto sensu. O mar quando quebra na praia é bonito, é bonito, é bonito, e não é stricto sensu.
Suecos. Introduziram o cubismo no balé.
Sujeito e objeto. Gêmeos univitelinos separados na maternidade que passam a história toda tentando se reencontrar.
T
Tatiana Leskova.
Uma Bailarina Solta no Mundo.
Tumulto. São muitos índios, caciques, paparazzi, correndo pra todos os lados, nesse momento de caos histórico (ver caos histórico).
U
Urinol
. Tudo que não é cavalo.
Utopia. Uma estação de rádio AM.
V
Van Gogh
. Eu falei pra ele, mas ele não me deu ouvidos.
Vazio. É uma questão de perspectiva, um balão vazio pode estar cheio de ar.
Verdade. Não sei se é possível se falar em verdade nos dias de hoje.
[1]
Vice versa. Ou vice versa.
Z
Zeitgheist
. Jet leg












[1] Sobre esse tema, eu indico uma bibliografia básica, que eu cito aqui só a título de reiteração certamente todos já leram: La Faculté de Jugér de Derrida, não foi traduzido no Brasil, e um livro meu, A Grande Trapaça da Verdade, esgotadíssimo, talvez pela Amazon vocês consigam a edição portuguesa, uma excelente tradução, ou senão a própria edição original em inglês...que é perfeita.

SEJA BLEFE, SEJA SHOW!
; )
mande vc tb o seu verbete!
Dicionário autobiográfico da Bailarina de Vermelho depois da wikipédia o primeiro dicionário interativo de todos os tempos.
obs: verbetes estarão sujeitos à censura prévia.

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